Omissões no depoimento podem levar Mauro Cid de volta à prisão
- Lyslano M Maqrues
- 21 de nov. de 2024
- 2 min de leitura
Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro será interrogado por Alexandre de Moraes após contradições em delação premiada, correndo risco de perder benefícios.

As omissões e contradições nos depoimentos de Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), podem comprometer seu acordo de delação premiada e levá-lo novamente à prisão. O tenente-coronel será interrogado pessoalmente nesta quinta-feira (21) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após a Polícia Federal (PF) apontar inconsistências em seu último depoimento.
Na última terça-feira (19), Cid negou à PF ter conhecimento de um plano golpista em dezembro de 2022, que envolvia a morte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin e do próprio ministro Alexandre de Moraes. No entanto, dados recuperados de seus dispositivos eletrônicos indicam mensagens trocadas entre Cid e o general da reserva Mario Fernandes sobre uma estratégia batizada de “Punhal Verde e Amarelo”, supostamente planejada no final de 2022.
O plano teria sido elaborado às vésperas da posse de Lula e Alckmin e contava com o apoio de outros três militares do Exército e um agente da PF, todos já presos. Entre as mensagens, Fernandes relatou a Cid uma conversa com Bolsonaro, onde o ex-presidente teria dito que “qualquer ação” seria possível até o último dia de seu mandato.
Acordo de delação sob risco
Após ser preso em maio de 2023 por envolvimento na falsificação de cartões de vacinação de Bolsonaro e sua família, Mauro Cid firmou um acordo de delação premiada, homologado pelo STF, que lhe garantiu benefícios legais. No entanto, como delator, ele tem a obrigação de colaborar de forma integral e verdadeira com as investigações.
A PF, em relatório enviado a Moraes, questionou a confiabilidade de sua colaboração, apontando lacunas e contradições. Caso a delação seja invalidada, Cid pode perder todos os benefícios, inclusive sua liberdade.
Medidas restritivas impostas a Mauro Cid
Desde sua última soltura, em maio de 2023, Mauro Cid cumpre uma série de restrições rigorosas determinadas pelo STF, incluindo:
Proibição de deixar Brasília e o país, com a obrigatoriedade de entrega de seus passaportes;
Recolhimento domiciliar durante o período noturno e nos finais de semana, monitorado por tornozeleira eletrônica;
Suspensão imediata de documentos de porte de arma de fogo;
Proibição do uso de redes sociais;
Proibição de contato com os demais investigados, com exceção de sua esposa e seu pai.
Histórico de prisões e contexto
Cid foi preso novamente em março deste ano, após o vazamento de áudios onde criticava a PF e o STF, violando os termos de seu acordo. Liberado em maio, passou a cumprir essas medidas restritivas, que agora estão em risco devido às contradições em seus depoimentos.
Próximos passos
O interrogatório desta quinta-feira será decisivo para determinar se Mauro Cid mantém ou perde o benefício de sua delação premiada. A investigação busca esclarecer seu papel no suposto plano golpista, que, caso comprovado, poderá intensificar as implicações judiciais contra ele e outros envolvidos.
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